Ainda não tem uma semana que o sonho acabou, que a dor alastrou-se dentro da minha alma enquanto inerte tu descansavas em paz. Por quê? Todo medo da solidão que tinhas acabou se entranhando em mim, que sem poder fazer nada, fiquei velando teu sono eterno enquanto foi possível. Acariciei teu pêlo pela última vez e chamei teu nome na ilusão de te salvar, te trazer para mim novamente. Demorei para entender o que estava acontecendo. Ninguém me chamava, não tinha o que me fizesse acordar. Era tudo real. E agora? Dia-a-dia sei que tenho que seguir, lutar, guardar a recordação e superar, mas não me parece uma equação fácil ou justa. Aliás, sempre odiei equações! Números nos atormentam, diminuem, algemam e declaram, não sabem que precisamos de mais para sermos felizes.
Dizem que viraste estrela, ou que moras no meu coração. Ou que me espera em algum lugar, ou até mesmo que irás voltar de outra forma, mas nada me parece razoável. Nenhuma dessas escolhas nos foi proposta e agora temos que tentar encarar a dúvida com sobriedade (mas como?) e seguir adiante.
Luto para ser feliz, para tocar o teu legado, para sonhar de noite contigo e para poder algum dia ver novamente teus lindos olhos me pedindo um abraço. Mas por razões que desconheço teremos que suportar como está. Espero que onde quer que estejas, seja mais fácil de encarar essa interrupção brutal que estamos passando. E que ao menos, se for para sofrer, que seja apenas eu. Que tu, como dizem, consigas ao menos ter paz.
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